Minha carta de suicídio
Aos meus amigos, que me acompanharam na minha espinhosa jornada pelas trevas da agonia, cujo fim é vindouro...
A-HÁÁÁAÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ! Aposto que caiu nessa! Pois vocês vão ter de me engolir! Vão ter de me engoliiiiiiiir!
Não é por nada não, mas sempre que eu ouço "Obla Di Obla Da" me dá vontade de fazer algo estúpido (liga não, tenho trabalhado demais)... E besides, olhem par isso: minha fase gótica já era! (*cerra os punhos e faz movimento obsceno com os quadris*) Pbbbb!
The Beatles, Obla Di Obla Da
Estivemos fora do ar por motivos de força maior; voltamos com nossa programação normal
... aí você chega nesse blog (que já não é algo que se diga "caramba! como é interessante", mas você é gentil e vem mesmo assim) e dá de cara com duas imagens totalmente fora-do-azul, com um crop porco e qualidade beirando o zero absoluto. OK, não vou tirá-las daí, mas vou explicar:
essa é uma fase do meu trabalho de brand perception (ah, não tô com saco de explicar o que é "brand perception" não... procura no gúgou): esses são os dois logos que eu criei para uma grife fictícia de roupas pra adolescentes chamada Todomundo (nome também criado por mim). Coloquei as fotos aqui porque fiz um teste preliminar com adolescentes de salas de bate-papo...
... fato que, aliás, me rendeu história pra contar até pros meus netos. Desde entrar com o nick de "Aninha RJ" pra contar com a disponibilidade dos participantes do chat (fim de carreira, não? pode me chamar de "conhecedora do público-alvo"), até tomar cantada de um moleque descontrolado com uma webcam (e que tinha idade pra ser meu filho), essa pesquisa me rendeu foi experiência. Pelo menos, deu pra corrigir os meus erros principais e repensar umas coisinhas antes de fazer o teste pra valer.
Devidamente explicadas as imagens do-nada, chega.
Soul Asylum, Runway Train (tocando na cabeça)
"I'm a freak", "I'm a creep", "I'm a bitch"
Uma das minhas coisas favoritas nessa minha vida urbana ("quase" porque, afinal, Rio é Rio) é o metrô. É um ambiente humano tão belamente caótico... Se você gosta de seres humanos no limiar da sua personalidade, preste atenção nas condutas no metrô: nos livros que se lê, na posição em que se senta ou se fica em pé, no entrar e sair do carro, no ponto do vagão em que fica... Gosto de bancar a cientista social (ou a artista urbana) de vez em quando e fazer minhas digressões acerca de um usuário do metrô que me chame a atenção (e em toda a viagem, algum me chama a atenção). Uso, enfim, aquilo que eu chamo de "olhar de ornitólogo".
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Na estação do Estácio, começou a brotar na minha cabeça uma boa idéia para uma crônica. Talvez não tao boa assim, mas certamente insistente. Eu tentei guardá-la, sufocá-la com um travesseiro, mas no trecho entre a São Francisco Xavier e a Saens Peña ela me venceu: saquei da lapiseira, arrumei um papelzinho na pasta e catapimba: lá estou eu escrevendo.
Acontece que a Saens Peña, além de ser "Estação terminal. O desembarque é obrigatório", é também a estação em que minha viagem acaba. Nenhuma dúvida: já que eu não tinha de observar "atentamente o espaço entre o trem e a plataforma", levantei de pena em punho e saí escrevendo. Em meio à torrente de passarinhos que buscavam a saída da toca, achei mais seguro me encostar numa pilastra. E ali escrevi. Escrevi, escrevi, escrevi, até saciar as idéias que me mastigaram alguns milhões de neurônios e calar-lhes as bocarras.
Voltando à cadência, como quem acaba de ter um orgasmo, guardo as folhas e a lapiseira na pasta e elevo os olhos para voltar ao meu caminho. Mas eis que, ali, do outro lado da plataforma, a uns dois metros de distância, protegida pelos trilhos energizados e pelas faixas amarelas, uma moça de olhos negros desvia de mim o olhar de ornitóloga. Ah, eu amo a cidade... Onde mais eu posso ser também passarinho?
Os BeutranoS Trancado nas Lembranças de uma Louca (cara, essa banda não é muito conhecida, mas é muito boa! Eu recomendo!)
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